18 fevereiro 2010

Entrevista do Alastair Fuad-Luke e Co-design Loop

Alastair Fuad-Luke

 

Na seguinte entrevista, Alastair fala sobre o co-design loop e a sua viagem ao Brasil com o Idds (Instituto de desenvolvimento de design sustentável - fechado)

Alastair, muito obrigado pelo seu tempo, conte-nos um pouco sobre sua experiência e como você ficou interessado no co-design?

 
Co-design,ou design em conjunto, é parte de um amplo diálogo sobre o "Design / Projetando para a Sustentabilidade" (DfS) no qual eu tenho estado comprometido nos últimos 13 anos como educador, facilitador, consultor e escritor. 


Eu comecei escrevendo sobre co-design em 2006 (veja, por exemplo, no meu capítulo Chapman & Gant (2007) Designers, Visionaries & Other Stories, Londres, Earthscan) e comecei a desenvolver métodos para os meus workshops para reunir pessoas mesmo antes de definir um design briefing, ou para questionar um projeto já existente e / ou para oferecer soluções conjuntas de design. 




O que é exatamente co-design?

Co-design é uma abordagem para "o pensamento projetual do design, sua realização e gestão", que reúne os diferentes atores para compartilharem as suas experiências e conhecimentos para melhor compreender os problemas ligados entre si, de modo a criar melhores design briefings e melhores soluções projetuais que possam se autossustentar mais tempo e que também nutram nosso ambiente e nossas economias.



Co-design re-conecta o que foi desconectado por nossos sistemas contemporâneos.

 
O que torna co-design adequado para atingir a sustentabilidade?

 
Ao incluir um leque maior de pessoas e organizações no processo de concepção, co-design encoraja uma maior participação nas decisões claves do processo de design portanto, traz uma "inteligência coletiva" ao ato de projetar:

 — utilização obrigatória atual e futura dos recursos (a utilização de recursos é uma das questões críticas do presente);

— encoraja um pensamento mais sistêmico, revela os efeitos em cadeia das nossas decisões de projeto;

— encoraja as pessoas a serem participantes ativos e fornecedores de soluções sustentáveis (em vez de apenas consumidores passivos ou fabricantes inconscientes);

— reconecta as pessoas para aspectos fundamentais e importantes da transição à sustentabilidade como equidade e distribuição de recursos, os impactos distantes dos 'modos ocidentais de consumo;

— revela novas formas e possibilidades de fazer as coisas de maneira diferente, como a criação de novos modelos de empreendimento;

- incentiva as pessoas a acreditar que podem tornar-se cidadãos ativos e profissionais gerando soluções que se auto-sustentam e se autorregeneram.


Você tem usado o co-design em uma série de seminários em todo o Reino Unido para ajudar a aumentar as habilidades para perceber novas oportunidades eco-econômicas durante uma recessão. 

Qual foi o resultado disso? 

 
Aqueles participantes nos meus seminários de co-design são, em certa medida, "auto-selecionáveis'"ou seja, eles já estavam interessados em como projetamos necessidades para uma mudança positiva para nós tornarmos mais eficazes nos aspectos ecológicos, social e econômico para gerar um rango de soluções sustentáveis confiáveis, genuínas. 


Os participantes das oficinas vieram de todas as partes da comunidade de design - academia, indústria, empreendimentos sociais e órgãos do governo - mas eu penso que a maioria tinha um interesse em "pesquisa no campo do design" e questões como, "Para onde o Design seguira’?".


O resultado mais significativo que eu vi dos participantes do seminário é a alegria de trabalhar em conjunto usando a abordagem de co-design e as visões, percepções genuínas que essa abordagem fornece para novos conceitos empreendedores. 


Co-design também parece construir ou fortalecer o sentimento de confiança, um ingrediente essencial para impulsar qualquer mudança real.
Estou absolutamente certo de que algumas "Sementes Conceituais" que criamos nas oficinas serão lançadas brevemente como novas empresas. 


No mundo de hoje, emergindo de uma enorme recessão econômico e fiscal significa fazer as coisas de forma diferente ou fazer as mesmas coisas que já fazemos de uma maneira muito melhor. Então, eu tenho certeza que todos aqueles que assistiram aos seminários de co-design agora podem perceber, visualizar as novas oportunidades que surgem da recessão.


Seguindo este pensamento, o que você está esperando da visita ao Brasil e trabalhando de perto com o Idds? 

 
Minha conversa contínua com o Idds no Brasil tem sido de co-design (projetar colaborativamente) a minha "visita", a fim de obter o nível máximo de proveito com o tempo curto que eu estarei lá e de fazer que a pegada de carbono gerada para estar pessoalmente no Brasil em pessoa seja a mínima possível.

Eu já informei o Idds que eu quero que o Brasil seja o país onde vou transformar o "co-design loop" (atualmente protegido por diretos autorais) em um projeto de acesso aberto que pode ser usado para o bem comum de todos.


Assim, as oficinas no Brasil seriam destinadas à formação e treinamento de co-designers a utilizar o co-design loop e melhorar a sua propia acessibilidade, utilidade e os seus impactos sustentáveis que podem alcançar indivíduos, comunidades e à natureza. 


Em suma, vamos estar co-(re)designing o co-design loop para que se torne ainda mais acessível, utilizável e impactante.


Como porque o conceito de co-design entraria na cultura brasileira e a sua mentalidade? 

 
Será minha primeira viagem ao Brasil, por isso vou ter que adivinhar na prática a resposta para esta pergunta!


Creio que a abordagem do co-design é muito oportuno neste momento para o Brasil e penso que o país poderia ser muito receptivo ao potencial desta abordagem. 


Talvez eu possa me explicar melhor, usando o prisma de sustentabilidade ou tetraedro. Os quatro componentes em cada ponto do tetraedro são economias, social, ambiental e institucional, então aplicando o tetraedro ao Brasil....


Economia -
Brasil é uma economia forte e emergente com uma quantidade incrível de recursos naturais, minerais e extensões de terras. 


Ele saiu de uma recessão muito rapidamente, em comparação com as economias velhas da Europa. Como país emergente também pode definir o caminho a seguir em termos de novos modelos econômicos para o futuro.

Social -
O governo do Brasil é de centro-esquerda por isso mantém uma dimensão social às suas atividades políticas. 


Co-design em um dos seus níveis e´também sobre equidade social por isso acredito que vai se encaixar bem nas aspirações sociais, culturais locais.
Essa é também a razão principal pelo qual eu escolhi para fazer o co-design loop projeto de acesso aberto nas oficinas que farei no Brasil.

Estou convencido de que o Co-design e Brasil nasceram um para o outro!


Creio que o co-design pode desafiar a natureza dos modelos existentes e os tipos de empresas que contribuem para esses modelos.

Ambiental -
Se eu estivesse pensando em me mudar para um país com uma "pegada ecológica", seria o Brasil onde eu posso sentir-me seguro para os próximos 100 anos. 


O Brasil tem terra e recursos suficientes para alimentar, dinamizar e sustentar sua população atual por algum tempo no futuro.
Isto deve dar a confiança necessária para os brasileiros para co-projetar novas empresas que trabalharão em harmonia com a sociedade e a natureza.

O Brasil também precisa manter a todo custo os ecos sistemas estratégicos e fundamentais (como as florestas tropicais) para ajudar a atenuar os efeitos das mudanças climáticas globais.
Então o resto do mundo deve incentivar o Brasil a adotar novos modelos empresarias que não destruirão os recursos, mas que sim os alimentem.

Institucional - t
enho a sensação de que as atividades da base da piramide são fortes na cultura brasileira e que as instituições com bases comunitárias provém sustento considerável ao nível local. Espero, portanto, que a abordagem co-design possa ampliar e fortalecer os benefícios destas instituições existentes.


Estou muito ansioso para colaborar com o IDDS e aplicar o co-design loop na realidade brasileira e ver a futuro os benefícios de essa abordagem para um país tão maravilhoso como o Brasil. 


Obrigado pela entrevista.

Contexto: Esta entrevista aconteceu durante o governo Lula e eu era membro do IDDS, fechado anos depois. 

Mas o conceito trazido pelo Alastair, continua atual e muito necessário. Siga ele no LinkedIn abaixo.

 Atualizado para 2021 

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