17 maio 2020

Cidades Inteligentes são conto de fadas

O pesquisador bielorusso Evgeny Morozov, um dos principais críticos da indústria da tecnologia - Foto: Divulgação

O artigo é interessante, já que ele não compartilha esse otimismo americano e talvez ingênuo do Vale do Sicílio, onde tudo é possível. Certo ou errado, ele tem certa razão.
Smart Cities trazem benefícios tecnológicos mas com custos sociais invisíveis como afirma o autor.

 Cidades inteligentes não passam de conto de fadas', provoca Evgeny Morozov

Semáforos que ajustam o tempo dos congestionamentos, com base nas informações em tempo real vindas do monitoramento de trânsito. Parquímetros urbanos que funcionam de forma completamente eletrônica. Iluminação urbana que acende apenas quando necessário, economizando energia. Coleta de lixo por meio de tubos subterrâneos que funcionam de forma completamente automatizada.

Essas são apenas algumas das muitas promessas feitas para as chamadas cidades inteligentes, ou smart cities, na expressão em inglês. Ao incorporarem a inteligência artificial, a automação e a internet das coisas à vida urbana, a gestão dos municípios poderia ficar mais barata e mais otimizada.

Apesar de todo esse otimismo com um futuro que ainda está para chegar, cidades do mundo todo já lidam com os impactos da digitalização e de um mundo mais tecnológico. Devido às novas opções de aluguel mediado pelo AirBnB, diversas cidades viram seus moradores de regiões centrais a serem empurrados para as periferias, acelerando o processo de gentrificação.

Nos serviços prestados por aplicativos, como Uber, Rappi, Loggi e iFood, instituições do mundo todo ainda debatem a melhor forma de regular essas relações, sem saber se poderiam ser ou não consideradas vínculos empregatícios.

Será mesmo que uma cidade inteligente, monitorada e cheia de dados, poderá melhorar a nossa experiência urbana?

Evgeny Morozov não compra esse otimismo todo. "Esse discurso que emana do Vale do Silício é muito utópico e mítico", explicou o pesquisador, em entrevista ao TAB. Apesar de ter sido apontado pelo site norte-americano Politico como uma espécie de profeta do lado sombrio da tecnologia, Morozov mantém um tom bastante explicativo e acadêmico, provocando sobre alternativas ao que ele chama de discursos ou decisões "padrão", que são tomadas por inércia ou por desconhecimento.

 "Dá para ver pela falta de imaginação dos governantes. Eles nem mesmo sabem que existe algo que podem obter das grandes companhias de tecnologia", cutuca Morozov.

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