"Absorvente interno biodegradável para mulheres em situação de risco rende a Rafaella de Bona o prêmio alemão iF Design Talent Award 2019"
"A estudante do terceiro ano de design de produto da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e egressa do curso de especialização em design do Centro Europeu — “Soluções de impacto para o futuro”, com curadoria do premiado Furf Design Studio –, Rafaella de Bona, 22, acaba de ser laureada com o prêmio alemão iF Design Talent Award 2019, uma versão para talentos emergentes do “Oscar” do design mundial.
A ideia coroada é de um novo absorvente interno sustentável para mulheres em situação de rua. Dos 39 vencedores de todo o mundo, a curitibana é a única brasileira a receber a premiação este ano. Ao todo foram mais de 4 mil projetos de 38 países concorrendo. Orientaram o trabalho os designers Mauricio Noronha, Rodrigo Brenner e Riorgior Ranger; o oceanógrafo Bruno Libardoni e a médica Andressa Gulin.
"Com o projeto disruptivo, Rafaella escancara uma realidade invisível e questiona: já parou para pensar no malabarismo que as mulheres em situação de rua têm que fazer para lidar com a menstruação? Em geral, o acesso a banheiro para higiene pessoal é escasso, elas possuem apenas a roupa do corpo e nenhuma política pública ainda despertou para a necessidade da distribuição gratuita de absorventes, como é feito com camisinhas.
Só na capital paranaense, segundo o Movimento Nacional de Rua, existem cerca de 4 mil pessoas em situação de rua. De acordo com levantamento de 2016 da Fundação de Ação Social (FAS), 11% do total são mulheres, totalizando aproximadamente 440 pessoas que passam por essa dificuldade.
"A ideia surgiu quando Rafaella decidiu se debruçar sobre algum problema relacionado ao primeiro Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU para desenvolver seu TCC do curso no Centro Europeu.
“Escolhi a erradicação da pobreza e decidi focar em uma solução para Curitiba. Cruzei com a realidade dos moradores de rua. Fui estudar seus problemas e suas dificuldades. Muitas mulheres se fingem de loucas para não serem abusadas. Ou concordam em manter uma relação fixa com um único parceiro apenas para proteção”, relata a estudante. “Por falta de absorventes, a maioria utiliza retalho de tecidos, sacolas ou papel higiênico. E por ficarem muito tempo com o mesmo , acabam manchando a única roupa que elas têm.
Para tornar o produto menos agressivo ao meio ambiente, Rafaella escolheu como matéria-prima a fibra de banana, material biodegradável que pode ser descartado. Os tamanhos variam e podem ser escolhidos e destacados pela própria usuária, segundo o fluxo menstrual de cada uma. Depois é só enrolar, usar a fita de segurança para fixar o formato e colocar o item de higiene.
"A intenção final é que alguma política pública considere essa necessidade, com a distribuição em postos de saúde, por exemplo, para pessoas que não podem comprar. As mulheres não escolhem menstruar, não têm culpa”, diz.
O projeto ainda não foi oficialmente apresentado para as autoridades municipais de Curitiba. “Eles não precisam usar o meu projeto. Se despertarem para a questão, já valeu a pena.”
Veja mais do projeto no seguinte PDF
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Artigo e fotos: https://www.gazetadopovo.com.br/haus/design/estudante-brasileira-cria-absorvente-sustentavel-e-ganhar-oscar-do-design-mundial-2019/?
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